sábado, 16 de outubro de 2021

O que quer dizer Graça Comum e Graça Especial?

Graça Comum e a Especial
Os teólogos falam da graça comum e da graça especial. A graça comum é dada aos homens em geral. Trata-se da graça que restringe a expressão plena do pecado e abranda os efeitos destrutivos do pecado na sociedade humana. A graça comum impõe restrições morais ao comportamento das pessoas, mantendo uma semelhança de ordem nos negócios humanos, reforçando um senso de certo e errado por meio da consciência e do governo civil, permitindo que homens e mulheres apreciem a beleza e a bondade e distribuindo bênçãos a todos os tipos de pessoas. Deus faz que o seu Sol se levante sobre maus e bons e a Chuva desça sobre justos e injustos (Mt 5.45). Isso é Graça Comum.
A Graça Comum não é redentora. Ela não perdoa o pecado nem purifica os pecadores. Ela não renova o coração, estimula a fé ou torna possível a salvação. Ela pode convencer do pecado e iluminar a alma quanto à verdade de Deus, mas, em si mesma, a graça comum não leva à salvação eterna, já que os corações dos pecadores estão firmemente posicionados contra Deus (Rm 3.10-18).
A Bíblia está repleta de exemplos de graça comum.
  • No âmbito físico (Mt 5.44,45; At 14.16,17).
  • No âmbito intelectual (Jo 1.9; At 17.22,23; Rm 1.21).
  • No âmbito moral (Mt 7.11).
  • No âmbito social (Rm 13.1).
Earl D. Radmacher descreve como a graça comum trabalha com a graça salvífica:
Em Atos 8-10, Lucas registrou como três homens responderam à luz que tinham e como, em cada caso, Deus levou-os de modo singular à luz maior do evangelho pela qual eles foram salvos.
Deus mandou Filipe abandonar uma reunião evangelística bem-sucedida e ir para Gaza no deserto, onde ele encontrou um oficial etíope voltando de Jerusalém (At 8.26-40). O etíope estava lendo a profecia em Isaías 53 sobre a morte substitutiva do Redentor vindouro, mas ele não a entendia. Quando Filipe explicou a passagem e anunciou-lhe o evangelho, o etíope recebeu Cristo como seu Salvador. A graça comum levou-o a ler o Antigo Testamento, e a Graça Salvífica levou-o a Cristo. A Graça Comum e a Graça Salvífica encontraram-se em Isaías 53.
Saulo de Tarso, um zelote religioso, um fariseu dos fariseus, estava determinado a destruir os convertidos a Cristo e todo o povo do Caminho porque acreditava firmemente que seus ensinamentos eram blasfemos. Ele estava sinceramente comprometido com o que havia aprendido acerca da revelação das Escrituras. Entretanto, ele estava completamente enganado quanto a Jesus Cristo. Embora ele estivesse correndo de cabeça na direção errada, Deus em Sua graça comum poupou a sua vida. Então, quando Deus freou-o de modo sobrenatural, a graça comum e a graça salvífica deram as mãos e levaram-no a dar meia-volta, e ele foi salvo (At 9.1-23).
Um gentio chamado Cornélio, um homem devoto que temia a Deus, dava esmolas generosas e orava regularmente, porém ele não foi salvo até que Pedro lhe anunciou as boas-novas da salvação (At 10.1-48). A graça comum levou-o a ser devoto, porém ele precisava da graça salvífica. (Salvation. Dallas: Word Publishing.p.83)
A Graça Especial, melhor denominada Graça Salvífica, é a obra irresistível de Deus que liberta homens e mulheres da penalidade e do poder do pecado, renovando o homem interior e santificando o pecador por meio da operação do Espírito Santo. Em geral, quando o Novo Testamento usa o termo graça, ele está referindo-se à graça salvífica. (Macarthur, John F. Jr.Faith Works.p.59,60)

GRAÇA E LEI - INTERPRETAÇÃO DO ORIGINAL HEBRAICO BÍBLICO (*)

“Pois de sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre graça. Pois a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o único Deus, que está ao lado do Pai, o deu a conhecer. ” (Evangelho de João 1: 16-18)
Com o surgimento do movimento cristão protestante, uma das maiores divergências entre aqueles que um dia se tornariam protestantes e aqueles que permaneceriam católicos romanos era a questão da função da lei na vida do crente . Uma das cinco frases teológicas de “atalho” mais importantes da Reforma foi, “sola fide” que significa “ somente pela fé ”. Esta frase indica como alguém foi “salvo” do julgamento eterno de Deus. Este conflito dos séculos 15 a 16 entre protestantes e católicos foi posteriormente lido nos escritos paulinos e projetado de volta nas próprias palavras de Paulo. Hoje, dificilmente alguém irá objetar ao fato de que Paulo deve ser lido através de lentes interpretativas israelitas do primeiro século e não através das lentes posteriores de um conflito católico-protestante historicamente não relacionado a Paulo.
Embora a justaposição da lei e do evangelho estivesse presente nos padres da igreja, não foi até a época da Reforma que a justaposição da lei e da graça se tornou tão pronunciada. Esta se tornou a ênfase dominante da Reforma. O oposto da graça tornou-se lei ; o oposto da lei tornou-se graça. No entanto, biblicamente o oposto da lei nunca foi graça, mas ilegalidade. Assim como o oposto da graça nunca foi lei, mas desgraça.
Como Paulo, João também foi muito mal compreendido e interpretado de forma anacrônica. Em João 1:17, por exemplo, algumas traduções importantes da Bíblia em inglês (como KJV e NET Bible) inserem a palavra adicional - “mas”. Esta palavra não está presente no grego original. Além disso, mesmo quando as traduções modernas não adicionam a palavra “mas” (veja o ESV citado acima), o versículo é normalmente entendido como se o “mas” estivesse implícito. É quase impossível para nós ler este texto e não justapor lei e graça em nossas mentes contemporâneas Experimente! Você também terá dificuldades.
Se alguém ignora a leitura negativa e, em vez disso, interpreta a frase (no versículo 17) positivamente - “A Lei veio por meio de Moisés; (e) a graça e a verdade vêm por meio de Jesus Cristo ”- então o texto flui organicamente. Neste caso, está obviamente conectado com a confissão anterior do autor do Evangelho de que a graça foi concedida além da graça já fornecida. ( 16 “ Pois de sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre graça.”) Talvez uma tradução que possa nos ajudar a nos livrar dessa dicotomia inata seria assim:
“ Pois a Torá foi dada por meio de Moisés e a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.
O desejo de Deus é que o conheçamos intimamente. Nós o conhecemos por meio do estudo de Sua Palavra. (*Artigo publicado originalmente em Israel Bible Center Por Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg sob a categoria Evangelhos Judaicos. Editado aqui por Costumes Bíblicos)

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Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11

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