O que é a Justificação? Por que precisamos dela?
Seja qual for o significado, o conceito é muito importante, sendo encontrado 31 vezes nas epístolas de diversas formas (justificação, justificar, justiça, justificador). Dessas referências, não menos do que 28 são usadas nos escritos de Paulo.
A DEFINIÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO.
O que ela não é.- Ela não significa ser absolvido, ou seja, defender-se de todas as acusações com sucesso (Rm 3.19).
- Ela não significa ser perdoado, ou seja, ser julgado culpado, mas receber uma segunda chance.
- Ela não significa receber liberdade condicional, ou seja, ser julgado culpado e então ser colocado em liberdade com algumas restrições.
O que ela é.
O teólogo A.H. Strong definiu a justificação da seguinte forma:
A justificação refere-se àquele ato judicial de Deus, pelo qual, por causa de Cristo - a quem o pecador é unido pela fé -, Ele declara que o pecador não está mais sujeito à penalidade da lei, mas é restaurado ao Seu favor (Systematic Theology.p.849)
A justificação, portanto, é o ato legal pelo qual o status do homem perante Deus é transformado para o seu benefício.
A justificação perante Deus é algo de que todas as pessoas necessitam.
A NECESSIDADE DA JUSTIFICAÇÃO.
Em sua epístola aos romanos, o apóstolo Paulo apresenta o homem pecador em um tribunal, sendo julgado sob risco de sentença de morte. A acusação é alta traição contra o Rei do universo. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).
- O juiz que preside o tribunal é o próprio Senhor Jesus Cristo (Jo 5.22; At 17.31).
- O júri é formado pela lei de Deus e as obras do homem (Rm 2.6,12). Depois das deliberações apropriadas, um veredito justo de culpado é anunciado. (Veja Rm 3.9-20)
- Uma sentença aterrorizante, então, é estabelecida - a morte espiritual, o que significa ficar para sempre separado de Deus e sofrer no lago de fogo por toda a eternidade (Mt 25.41; Rm 6.23; Ap 20.15).
À luz de tudo isso, podemos ver claramente a existência de uma necessidade desesperadora de justificação.
O MILAGRE DA JUSTIFICAÇÃO.
Até esse ponto, pode-se dizer que o argumento de Deus contra o homem tem seguido o formato da jurisprudência humana. Porém, de repente, algo totalmente diferente e inesperado acontece, algo que certamente faria os repórteres de qualquer tribunal humano ficarem boquiabertos de estupefação. Depois de ter escutado atentamente todas as evidências e ouvido pacientemente todos os argumentos, o Juiz não encontra outra escolha senão invocar a pena suprema, para que a justiça não seja negada. Mas, antes que a terrível sentença seja cumprida, o mesmo Juiz fecha calmamente os livros, pousa Seu martelo celestial, levanta-se, tira os trajes judiciais e vai morrer por esses três réus condenados. Isso, e somente isso é a justificação.
O pecador corrupto, condenado e nu, agora pode ser limpo, liberto e vestido da justiça do próprio Cristo.
Em outra palavras, um juiz terreno poderia lidar com um réu culpado de três maneiras diferentes:
- Ele poderia condenar o homem, e assim cumprir as demandas da justiça.
- Ele poderia fazer uma concessão ao homem, e assim frustrar as demandas da justiça.
- Ele poderia tentar, de algum modo, inocentar o homem.
O juiz divino, é claro, escolheu a terceira abordagem; a saber, inocentar o réu culpado, por meio da justificação.
De que maneira os homens são justificados perante Deus, e o que acontece durante esse processo?
O método da justificação (Jó 25.4; Rm 4.16).
Ela é pela fé (Rm 5.1). Esta é a única maneira pela qual o pecador pode ser salvo.
Um dos grandes exemplos de salvação no Antigo Testamento pode ser encontrado em Números 21 (e é citado em João 3). Na época, um grande número de israelitas que havia pecado foi fatalmente mordido por cobras venenosas. Entretanto, Deus ofereceu uma cura, requerendo apenas que, pela fé, a vítima olhasse para uma serpente de bronze sobre uma haste.
- Os eventos relatados por Moisés (Nm 21.9).
- O evento relembrado por Jesus (Jo 3.14).
Ela é pela graça (Rm 3.24; Tt 3.7). Esta é a melhor maneira de Deus ser glorificado. (veja Ef 2.1-10).
O homem justifica apenas os inocentes, mas Deus justifica apenas os culpados. O homem justifica baseado no mérito pessoal, mas Deus justifica baseado no mérito do Salvador.
Os dois grandes exemplos de justificação.
ABRAÃO - Ele foi justificado à parte da circuncisão (Gn 15.6).
Ele tinha 86 anos quando se converteu (Gn 16.16). A Bíblia informa-nos que ele tinha 99 anos quando foi circuncidado (Gn 17.24; veja especialmente Rm 4.1-5,9-25).
Algumas pessoas imaginam que exista uma contradição entre Paulo e Tiago quanto à justificação de Abraão (Rm 4.4,5; Tg 2.24). Não existe contradição alguma. Paulo diz que, pela fé, o homem é justificado perante Deus. Tiago diz que, pelas obras, o homem é justificado perante os homens. Paulo diz que a fé é a raiz da justificação. Tiago diz que as obras são o fruto da justificação.
DAVI - Ele foi justificado à parte das ofertas levíticas. Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano (Sl 32.1,2; veja também Sl 51.16,17; Rm 4.6-8).
Davi foi sábio ao entregar-se inteiramente à misericórdia de Deus, já que, de acordo com a lei levítica, tanto ele como Bate-Seba (veja mais sobre Davi e Bate-Seba) teriam sido apedrejados até a morte, uma vez que não havia ofertas para o pecado de adultério.
A justificação tem diversos resultados.
A remissão da penalidade do pecado (At 13.38,39; veja também Rm 8.1,33,34).
A restauração do favor divino (veja Rm 5.1-11).
A imputação da justiça de Cristo (Rm 4.3,23,24; 2Co 5.21).
Conclusão: Como podemos ver por meio desses versículos, a justificação envolve muito mais do que o jargão geralmente citado no meio cristão que diz que a palavra justificação significa simplesmente "justificado como se nunca tivesse pecado". A verdade é que a justificação bíblica inclui tanto um aspecto negativo como um positivo.
O negativo: A remoção da culpa do pecado.
O positivo: A imputação da justiça de Cristo.
Assim, a justificação é baseada na obra de Cristo, realizada por meio de Seu sangue (Rm 5.9), e trazida para o Seu povo por meio de Sua ressurreição (Rm 4.25).
De que maneira os pontos de vista da teologia católica romana e da teologia protestante diferem no tocante à justificação?
A diferença entre a igreja romana e protestante pode ser vista por meio de duas fórmulas simples:
Ponto de vista romano
Fé + obras = justificação
Ponto de vista protestante
Fé = justificação + obras
Nenhuma dessas concepções elimina as obras. O ponto de vista protestante elimina o mérito humano. Ele reconhece que, embora as obras sejam a evidência ou o fruto da verdadeira fé, elas não acrescentam ou contribuem nada à base meritória da nossa redenção.
O debate atual sobre a salvação pelo senhorio deve ter o cuidado de proteger dois pontos. Por um lado, é importante estressar que a verdadeira fé produz frutos verdadeiros; por outro lado, é essencial enfatizar que o único mérito que nos salva é o mérito de Cristo, o qual é recebido apenas pela fé. R.C. Sproul (Macarthur, John F. Jr. Faith Works. Word Publishing, Dallas, London, Vancouver, Melbourne.p. 87)
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E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11