sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O SERMÃO DO MONTE - Quem são os pobres de espírito?

Os pobres de espírito - os pobres por sua própria vontade - não são exatamente os humildes nem os que conhecem sua própria miséria  moral, mas aqueles que, ricos ou pobres, deixam-se guiar por um espírito de pobreza. Porque se há ricos desprendidos dos bens da terra, há também pobres que não suportam sua pobreza e vivem dentro dela com impaciência. A mansidão que Cristo exalta não deve ser confundida com quem vive de forma encolhida e acovardada; não é fraqueza, não é defeito, mas, sim, força.
A terra que Jesus promete por herança aos mansos representa o reino messiânico, já em sua fase terrestre, celestial e eterno.
Os que choram são, em geral, todos os que padecem, todos os aflitos, aqueles que sofrem com paciência e corajosamente as dores físicas e morais; e não era em vão, segundo várias passagens do Antigo Testamento, que os judeus davam ao Messias o nome de Consolador, ninguém melhor que Ele saberia enxugar as lágrimas.
A justiça da qual desfrutará aquele que tem fome e sede [de justiça], aquele que aspira a ser um dia plenamente saciado, não é outra coisa senão a santidade cristã (Sl 17.15).
Os misericordiosos são aqueles que se mostram sensíveis diante da miséria dos outros. Por uma consoladora aplicação da lei (Êx 21.23-25), Deus os tratará com paternal misericórdia, especialmente no dia do juízo.
O alcance da sexta bem-aventurança ficaria extremamente restringido caso fosse aplicada somente à castidade, à virgindade propriamente dita. A pureza do coração que se exige aqui é fugir do pecado, ou seja, é a inocência em todos os seus aspectos. Àqueles que praticarem essa pureza, lhes é prometido uma recompensa magnífica: não só a amizade de Deus, conforme anunciado na antiga lei (Pv 22.11), mas sim, de acordo com o próprio Deus, a felicidade suprema [de viver em sua presença], e isto para sempre (1Jo 3.2).
Ao fundo, o Mar da Galileia, o grande local
da atividade profissional dos discípulos.
Ao pronunciar a sétima bem-aventurança, Jesus não olhava somente para os que nós chamamos pacíficos, mas também para os pacificadores propriamente ditos conforme o sentido do texto grego. O reino dos céus é um reino de paz; seu fundador é o Príncipe da paz (Is 9.6); aquele que, pois, com palavras e ações, tornar-se promotor da paz estará dentro dos desígnios de Deus, e assim será chamado filho de Deus, a quem tanto agrada a santa união dos corações.
A oitava e última bem-aventurança é mais longa do que as demais. Prediz a atitude, comumente hostil, do mundo judaico e do pagão com respeito aos discípulos do Salvador, além de traçar os princípios que esses discípulos deverão seguir diante de seus perseguidores. Aos insultos, às calúnias, às perseguições e às violências de todo tipo, os cristãos terão de responder com o sofrimento paciente, generoso e corajoso até o heroísmo.
Contudo, não será honroso para eles serem tratados como seu Mestre? E não seria justo que imitassem a paciência e a coragem que Jesus demonstrou diante dos mais terríveis tormentos (Jo 15.18-21; Hb 12.2-5: 1Pe 2.21-25)? Além disso, a felicidade infinita que gozarão no céu será ampla e eterna compensação de todos os seus padecimentos. Que força, a das palavras: Exultai e alegrai-vos, nas quais o paradoxo lança toda sua plenitude!

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

Tais são as condições para que alguém seja um digno cidadão do reino dos céus. Quem as cumprir, qualquer que seja a raça e a época a que pertença, merecerá ser súdito do Messias, cujo reino não tem limites e cuja Igreja será universal.
A todos quantos desejarem realizar este ideal de perfeição cristã, e particularmente aos apóstolos e àqueles discípulos que com eles haviam de ser como oficiais superiores do reino messiânico, Jesus expõe, em uma linguagem figurada e muito expressiva, a santa e utilíssima influência que haverão de exercer em um mundo hostil ou indiferente:
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mt 5:13-16)
Safed (Hebreu צְפַת Tzfat)
é uma cidade do distrito Norte,
na província da Galileia, em Israel.
Situada a uma altitude de 800 metros
acima do nível do mar,
Safed é a cidade mais alta da Galileia.
Sem dificuldades se entendem as metáforas do sal e da luz. O sal transmite aos alimentos um sabor ao mesmo tempo agradável e sadio; também é excelente anti-séptico. Os cristãos podem ser sal da terra, pois atuam eficazmente contra a corrupção do mundo. Mas devem guardar-se para não perderem esta qualidade tão preciosa! Quando o sal se torna insípido - na época, os casos eram frequentes na Palestina, onde se usava o tosco e impuro sal do mar Morto -, não vale senão para ser lançado fora. Naquela época, grande quantidade de sal era lançada literalmente nas ruas para ser pisada pelos pés das pessoas e dos animais.
Os cristãos são reconhecidos por sua vida santa e por sua conduta irrepreensível - e, quando se trata dos apóstolos, também por sua pregação. Eles têm de ser luz do mundo, brilhando sobre toda corrupção moral. Não devem buscar agradar aos homens mais do que a Deus. E não podem ocultar o brilho de suas virtudes, assim como a lâmpada posta sobre um castiçal não pode ocultar sua claridade, e muito menos podem tornar-se invisível uma cidade construída sobre o cume de uma montanha
Essa é uma alusão à linda cidade de Safede, Líbano, na qual provavelmente pensava Jesus quando pregou essas palavras.

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Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11

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