segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O QUE SIGNIFICA "PALESTINA"?

Ao iniciarmos este estudo curioso, vários fatos nos surpreendem de imediato, começando pelo próprio nome da região, que não é outro senão o que foi dado pelos filisteus, aqueles temíveis e sanguinários inimigos de Israel. Mas, por conta de algumas anomalias que a história apresenta com vários exemplos, este nome, que só deveria ter sido dado à parte sudoeste daquela região, terminou por designar toda a palestina.
"Palestina" nunca foi o nome de uma nação ou estado. É na verdade um termo geográfico (citado acima) utilizado para designar uma região abandonada ao descaso desde o século II d.C. O nome em si deriva do termo "Peléshet", que aparece constantemente na Bíblia hebraica e foi traduzido como "Filístia" ou "Palestina". Os filisteus eram um povo do mediterrâneo com origens na Ásia Menor e na Grécia.

Este pequeno espaço em destaque para um breve detalhe:

Por Joseph E. Katz
Tradução e adaptação por Matheus Zandona
“Não existe uma nação árabe chamada Palestina (…). Palestina é o nome que os romanos deram para o Eretz Israel com o intuito de enfurecer os judeus. Por que deveríamos usar o mesmo infeliz nome dado para nos humilhar? Os ingleses escolheram chamar a terra que eles controlavam de ‘Palestina’, e os árabes pegaram este nome como seu suposto nome milenar, apesar de nem sequer conseguirem pronunciá-lo corretamente. Eles transformaram a Palestina em ‘Falastin’, uma entidade ficcional.” [Golda Meir]
Agora; vamos explorar mais sobre a região em si. Seus aspectos físicos, tendo em nossa mente que o texto que se segue e toda sua descrição, se refere a Terra Santa, que, como já foi relatado acima recebeu este termo "palestina". Ok?
Então, vamos lá!
Observe:
Outro fenômeno ainda mais surpreendente é a pequenez desse território. É uma região muito pequena se a examinarmos do ponto de vista puramente natural. O tamanho da Palestina tem sido um mistério. Dizem que o famoso orador romano Marcos Túlio Cícero fez a seguinte observação desdenhosa: "O Deus dos judeus deve ser um Deus pequeno, pois deu ao seu povo um território muito pequeno". Sem levar em conta a autenticidade ou não desse texto, o certo é que a dos judeus, a terra de Jesus, é uma região realmente muito pequena,. Parece que Isaías se referiu a isto quando, contemplando o futuro messiânico, pronunciou estas palavras, dirigidas pelo Senhor à Sião desolada: Até mesmo os filhos da tua orfandade dirão aos teus ouvidos: mui estreito é para mim este lugar; aparta-te de mim, para que possa habitar nele (Is 49.20).
Cidade palestina de Aim-Karen(nome atual),
onde João Batista nasceu
Ainda mais estranha parecerá a pequenez da Palestina se considerarmos a imensa extensão dos impérios que a rodearam nas diferentes épocas da história: ao norte, a Síria; a leste, a Caldéia, a Assíria e a Pérsia; ao sul, o Egito.
A região onde Jesus viveu é uma faixa da costa mediterrânea que se estende entre a Síria meridional e o Egito. Ao longo dos séculos, essa região recebeu diferentes nomes e esteve limitada por diferentes fronteiras. Como o historiador grego Heródoto, hoje a chamamos Palestina, e seus limites são em parte naturais, em parte convencionais. Sua área territorial tem variado muito.


UMA REGIÃO DE ESTREMAS DEMARCAÇÕES

A Palestina tem limites naturais: a oeste, é demarcada pelo Mediterrâneo, e a leste, pela Jordânia. Seus limites naturais ao norte e ao sul não são exatos. Mas ao norte ficam bastante assinalados pela cordilheira do Líbano, que desce paralela ao Mediterrâneo, sendo um ponto avançado do monte Hermom. O desfiladeiro entre o Hermom e o Líbano pode ser considerado o limite norte da Palestina. Ao centro, o limite geográfico está representado genericamente pela Iduméia e pelas regiões desérticas que se estendem imediatamente ao sul de Berseba e do mar Morto. estes dois limites ao norte e o limite meridional são mencionados frequentemente no Antigo Testamento com a expressão de Dã até Berseba, referindo-se à Palestina habitada pelos hebreus.

A EXTENSÃO DE SUA SUPERFÍCIE

A longitude (norte-sul) da Palestina é de 470 km. Sua largura (leste-oeste) é de 135 km. A superfície total de seu território é de 27.000km².

COMO A TERRA DE ISRAEL VEIO A SE TORNAR "PALESTINA"?*

No primeiro século d.C., os romanos destruíram o reino independente da Judeia. Após a revolta frustada de Bar Korchba no segundo século, o imperador romano Adriano determinou a eliminação da identidade de israel (também conhecida como Judá ou Judeia), visando destruir o vínculo milenar do povo judeu com a região. Assim, ele escolheu o nome "Palestina", impondo-o em toda a terra de Israel. Ao mesmo tempo, ele mudou o nome de Jerusalém para "Aélia Capitolina".(*Por Mathues Zandona-tradução e adaptação)

FENÔMENO GEOLÓGICO

A região inteira, em suas duas porções assinaladas, está dividida em um profundo vale sobre o qual corre o rio Jordão e que constitui um fenômeno geológico único no mundo. Esse vale, que se prolonga do Tauros à Celessíria, afunda cada vez mais à medida que se entra na Palestina, alcançando sua maior profundidade no mar Morto, e continuando ao oriente da península do Sinai, chega ao mar vermelho(mar de JUNCOS, no hebraico).
Na altura de Dã, seu nível se mantém em 550 m sobre a superfície do Mediterrâneo, mas 10 km depois, no lago de El Hule, o nível da água é só de 2 m sobre o nível do mar, e outros 10 km além, no lago Tiberíades, o nível da água chega a 208 m abaixo do nível do mar, e o fundo do lago está 45 m mais baixo ainda. Finalmente, na embocadura do mar Morto, o nível de água é de 394 m inferior ao Mediterrâneo, e o fundo do mar Morto (cuja água tem o maior nível de salinidade do mundo), está 793 m abaixo do nível do Mediterrâneo, constituindo a mais profunda depressão continental do planeta.

AS PARTES DISTINTAS DA PALESTINA

Tomando conhecimento desses pormenores, podemos compreender quão grande é a importância geográfica do rio Jordão para a Terra Santa. Ele divide a Palestina em duas partes distintas, que se chamam Palestina Cisjordânia, a oeste; e Palestina Transjordânia, a leste.
Outra parte, a fertilíssima planície de Esdrelom ou de Jizreel - que se estende em forma de triângulo entre a cadeia do monte Carmelo, os montes de Samaria, as colinas meridionais da Galileia e o monte Tabor - corta a região de leste a oeste em quase toda a largura da Palestina Cisjordânia. No tempo de Jesus, enquanto a Judeia e sua capital, Jerusalém, representavam o autêntico centro do judaísmo, Samaria era um flagrante contraste étnico e religioso.
O rio Jordão em sua trajetória
serpenteante rumo ao mar Morto
Os samaritanos descendiam dos colonos asiáticos importados para aquelas regiões pelos assírios em fins do século VIII antes de Jesus Cristo. Esses colonos tinham se misturado com os proletários israelitas que ficaram ali. Sua religião, que a princípio fora em sua essência idólatra com uma leve tintura de jeovismo, foi purificando-se com o passar do tempo e, no final do século IV a.C., os samaritanos tinham o seu templo próprio, construído sobre o monte Gerizim. Para eles, naturalmente, este era o único lugar onde se deveria render culto autêntico ao SENHOR, em contraposição ao templo judaico de Jerusalém.
Os samaritanos consideravam-se genuínos descendentes dos antigos patriarcas hebreus e os verdadeiros depositários de sua fé religiosa. Este foi o motivo das raivosas e contínuas hostilidades entre samaritanos e judeus, ainda mais porque Samaria era lugar de passagem obrigatória para quem ia à Galileia e à Judeia. Essas hostilidades, frequentemente registradas nos documentos antigos, não cessaram, e ainda se perpetuam entre os samaritanos que habitam ao pé do monte Gerizim.

sábado, 13 de outubro de 2018

QUEM É O QUERUBIM UNGIDO DE EZEQUIEL 28?

INTERPRETAÇÃO DO ORIGINAL HEBRAICO SOBRE: *O "PRÍNCIPE DE TIRO" É SATANÁS?

Ao lado de Isaías 14: 12-15 , um lócus comum para entender a suposta história de fundo de Satanás é Ezequiel 28: 12-19. Tradicionalmente, os leitores pós-bíblicos entendem Ezequiel 28 como se referindo à rebelião celestial de Satanás contra Deus. No entanto, enquanto Ezequiel lamenta alguém cuja riqueza e pecado são uma afronta ao Todo-Poderoso, o profeta não descreve o diabo. Em vez disso, Ezequiel 28 se refere ao rei de Tiro, e "Satanás" não aparece em nenhum lugar da passagem. Assim, se fundamentarmos nosso entendimento teológico apenas nas Escrituras, não teremos razão para postular uma pré-história angélica para Satanás baseada em Ezequiel .

Em Ezequiel 28, Deus se dirige a um indivíduo, dizendo: “Você era o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e de perfeita beleza. Você estava no Éden, o jardim de Deus ... Você era um querubim guardião ungido ”(28: 12-14). Apesar de sua alta posição, o destinatário exibiu “injustiça” ( עול ; evel ) e “pecaram” ( חטא ; hata ); portanto, Deus diz: “Eu te bani, querubim guardião. Seu coração ficou orgulhoso por causa de sua beleza ... [então] eu o joguei no chão” (28: 15-17). Muitos leem essa passagem como uma referência à serpente “no Éden” - que a tradição iguala a Satanás - e depois vinculam a serpente satânica a um anjo expulso. Contudo, imediatamente antes dos versículos acima, Deus diz a Ezequiel para “levantar uma lamentação sobre orei de Tiro ( מלך צור ; melekh tsor ) ”(28:12). O profeta se dirige a um rei terreno, não a um rebelde primordial no céu.
Os que vêem a figura de Ezequiel 28 como Satanás podem responder: “Mas quando o rei de Tiro esteve 'no Éden, o Deus do jardim'? O profeta deve estar falando sobre um ser espiritual que se rebelou no passado primordial . ” No entanto, Ezequiel também associa outros reis terrenos ao Éden, mais adiante neste livro. Logo depois de falar do rei de Tyre “no Éden” ( בעדן ; b'eden ), Ezequiel pergunta ao rei do Egito: “'Quem você é em glória e grandeza entre as árvores do Éden? Você será derrubado com as árvores do Éden ... com os mortos pela espada. Este é Faraó e toda a sua multidão, declara o Senhor Deus ”(Ezequiel 31:18). É claro que o faraó nunca esteve literalmente entre as árvores do Éden, nem as árvores do Éden foram cortadas. Ezequiel coloca reis estrangeiros “no Éden” metaforicamente ridicularizar sua glória percebida; comparar esses monarcas com entidades do Éden é uma hipérbole profética que destaca a inadequação dos governantes terrestres diante de Deus.
Existem outros problemas linguísticos e temáticos com a leitura de Ezequiel 28 como uma história sobre Satanás. Por exemplo, a profecia sobre Tiro começa no capítulo 26, no qual Ezequiel diz ao povo de Tiro que os babilônios “saquearão suas riquezas e saquearão suas mercadorias ( רכלה ; rekhullah )” (Ezequiel 26:12). Então, o capítulo 27 detalha todo o “ merchandising ” de Tyre ( רכל ; rachal ) com outras nações (27: 3, 13-24). Ezequiel declara que, à luz da riqueza mercantil do país, “Tiro ... disse: 'Eu sou de perfeita beleza ( כלילת יפי ; kelilat yophi) '”(27: 3). Após essas descrições de Tiro em Ezequiel 26-27, o profeta descreve seu rei exatamente da mesma maneira: “Você era o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e de perfeita beleza ( כליל יפי ; kelil yophi )…. Na abundância de sua mercadoria ( רכלה ; rekhullah ) ... você pecou ”(28:12, 16). Ezequiel não está se referindo à "beleza perfeita" ou "mercadoria" de Satanás, mas à de Tiro - pessoas e rei.
Finalmente, Ezequiel chama o rei de Tyre de "querubim" ( כרוב ; keruv ) em 28: 14-16. Se esse "querubim" se refere à serpente enganosa no Éden ou a um Satanás antes do outono no céu, seria extremamente estranho que Deus designasse "querubins" ( כרובים ; keruvim ) para guardar o caminho para a Árvore da Vida depois que Adão e Eva são expulsos (Gn 3:24). Se um “querubim” se rebelou contra Deus e se tornou Satanás, por que na terra (ou no céu) Deus confiaria mais querubins à segurança do Éden? A única maneira pela qual o lamento de Ezequiel faz sentido lingüístico, contextual ou teológico é se ele se refere ao rei de Tiro no presente do profeta, não a Satanás no passado pré-histórico. Ezequiel 28 não é uma história de Satanás, mas um exemplo da soberania de Deus sobre todos os povos da terra.
Em Isaías 14, De acordo com a tradição cristã, Satanás tem uma história por trás: o diabo já foi o anjo mais lindo do céu, mas esse ser angelical, então chamado de Lúcifer, rebelou-se contra Deus e foi lançado no inferno. Em parte, esta tradição vem de uma interpretação particular de Isaías 14:12-15. O texto descreve alguém que, no hebraico original de Isaías , é chamado Helel ben Shachar ( הילל בן שׁחר ) - traduzido de várias maneiras como “Estrela da Manhã/Dia, filho da Madrugada/da Manhã” (14:12). Na Vulgata Latina, o hebraico “Helel” torna-se Lúcifer. No entanto, enquanto Isaías zomba de alguém que se equipara a Deus e sofre as consequências, o profeta não revela a origem do mal. Em vez disso, Isaías 14 refere-se ao rei da Babilônia, e “Satanás” não aparece em nenhum lugar da passagem. Assim, se basearmos a nossa compreensão teológica apenas nas Escrituras, então não temos razão para postular uma pré-história angélica para Satanás baseada em Isaías .
Isaías se dirige a Helel ben Shachar, dizendo: “Como caíste do céu... Tu disseste em teu coração: 'Subirei ao céu; acima das estrelas de Deus colocarei o meu trono nas alturas... farei de mim mesmo semelhante ao Altíssimo'” (14:12-14). Respondendo à arrogância de Helel, Isaías lhe diz: “Você foi levado ao Sheol, até os confins da cova” (14:15). Tirada do contexto, a provocação de Isaías certamente pode ser feita para se referir a um anjo que se rebelou no céu e acabou no inferno; daí o início da antipatia de Satanás para com Deus e a humanidade. No entanto, imediatamente antes dos versículos acima, Isaías diz a Israel que após o fim do exílio eles “farão esta provocação contra o rei da Babilônia ( מלך בבל ; melekh bavel )” (14:4).O profeta se dirige a um rei terreno, não a um anjo rebelde no céu.
Aqueles que vêem Shachar como Satanás podem objetar que o texto deve ser entendido nos dois sentidos: embora Isaías se dirija a um rei humano, há uma realidade espiritual além do foco terreno. Contudo, esta suposição interpretativa só pode ser especulativa, uma vez que a própria Bíblia não fornece dados textuais que nos levem a associar a história a Satanás. Curiosamente, Isaías 14:12-15 pode ser uma reformulação israelita de um conto ugarítico chamado mito de Baal-Athtar, no qual um subordinado divino é punido por tentar destronar a divindade cananéia reinante. Embora existam paralelos entre esta narrativa antiga e Isaías, nenhum dos textos menciona "Satanás" ( שׂטן ). Mais, embora Isaías possa soar como umAntigo mito do Oriente Próximo sobre o conflito politeísta, o profeta hebreu redireciona a história para falar do monarca da Babilônia; isto é, Isaías humaniza a história e a aplica a um rei gentio.
Finalmente, o texto de Isaías não afirma a história tradicional da queda de Satanás do céu. Segundo a tradição popular, Lúcifer começa no céu e é abatido; em Isaías, “Lúcifer” diz: “Eu ascenderei [ao] céu ( השׁמים אעלה ; hashamayim e'eleh )” (14:13). Nas Escrituras, o indivíduo arrogante começa na terra – adequado para um rei terreno – e resolve para trabalhar seu próprio caminho até Deus no céu. Além disso, o rei de Isaías é “levado ao Sheol ( שׁאול )” (14:15) — não ao “inferno” ( גהינם ; gehinnom ) — o que significa que ele morre: “Tua pompa te levou ao Sheol... o verme está deitado como uma cama debaixo de você, e o verme é a sua cobertura” (14:11). O “verme” ( רמה ; rimah ) e o “verme” ( תולעה ; toleah ) são metáforas bíblicas para morte e decadência (por exemplo, Is 41:14; Jó 17:14; 21:26; 24:20; cf. Is 66). :24). Isaías castiga um rei mortal cujo destino está na terra, não um usurpador sobrenatural que agora reina impenitentemente no inferno. Embora a Bíblia mencione “Satanás” fora de Isaías 14, ela não fornece uma visão narrativa sobre suas origens; As Escrituras estão preocupadas não com o passado de Satanás, mas com a soberania presente e futura de Deus.

(TIRO EZ 26.1 À 28.19-Método Teológico Ocidental).

1) A história de Tiro.

  • Tiro era uma antiga cidade fenícia, cujo primeiro registro na Bíblia está em Josué 19.29. Era a maior cidade comercial nos tempos do Antigo Testamento. Tiro - um nome que significa "rocha" - foi o centro do mundo mediterrâneo.
  • De acordo com Ezequiel (Ez 26.13) e com Isaías (Is 23.16), Tiro foi uma cidade de grande músicos e amantes da música.
  • A cidade exerceu grande influência durante os reinados de Davi e Salomão. Hirão, o rei de Tiro, foi amigo devoto de Davi (2Sm 5.11) e posteriormente ajudou o rei israelita e seu filho Salomão em suas obras de construção, sobretudo com o Templo (1Rs 5.1-12; 1Cr 14.1; 2Cr 2.3,11).
  • Tiro era composta por duas cidadelas, uma ficava no contorno da costa, aproximadamente 100km a noroeste de Jerusalém, outra, em uma ilha, a um quilômetro de distância do litoral, no mar Mediterrâneo.
  • No tempo da profecia de Ezequiel, os habitantes de Tiro estavam em rebelião declarada contra a Babilônia.

2) O pecado de Tiro.

  • Alegrou-se com a queda de Judá (Ez 26.2). A razão para esse sentimento foi o fato de a derrota dos judeus significar passagem livre para suas caravanas comerciais que vinham do norte para o sul, em direção ao Egito. Com o fim de Judá, essas caravanas não mais precisariam pagar pedágio.
  • Tiro vendera judeus como escravos aos gregos e aos edomitas (Jl 3.4-8; Am 1.9,10). (A) Nesse período, o regente era Itobaal II, que se vangloriava dizendo ser tão forte como um deus e mais sábio do que Daniel (Ez 28.2,3). A história, certamente, está cheia de outras pessoas cujo orgulho transformou-se na ruína delas. Observe, sobretudo, os casos de Senaqueribe (2Rs 18.33-35), de Nabucodonosor (Dn 3.15; 4.30) e de Herodes (At 12.21-23). (B) Pretendendo ser um deus, o regente de Tiro tornou-se um prenúncio do futuro anticristo (veja 2Ts 2.4).
  • A cidade foi totalmente corrompida pelo materialismo mais vulgar (Ez 27.4-25).

3) A punição de Tiro.

  • Várias nações se levantariam contra Tiro e viriam contra ela como ondas do mar (Ez 26.3). (A) O rei assírio, Senaqueribe, entre 701 a.C. e 696 a.C., conquistara parte da cidade continental, mas não conseguiu capturar a fortalecida ilha. (B) O rei babilônio, Nabucodonosor, também tentara conquistar a ilha e o continente durante 13 anos (585 a.C. -- 574 a.C.), mas, como Senaqueribe, falhara em capturar a parte da cidade envolta pelo mar.
  • Ezequiel profetizou que os muros da cidade cairiam, apesar da forte proteção que lhe era fornecida pelas águas. Do mesmo modo, o solo de Tiro seria raspado, deixando-a como uma pedra lisa. As duas cidadelas se tornariam um lugar para espalhar redes de pesca (Ez 26.4,5). Mais de 225 anos passaram-se sem que essa profecia se cumprisse. Contudo, em 332 a.C., Alexandre, o Grande, entrou em cena, e a parte da cidade protegida na ilha foi conquistada. O conquistador construiu uma ponte de interligação entre o litoral e a ilha, lançando sobre as águas os restos da antiga cidade continental. Ao fazer isso, ele literalmente raspou a costa, deixando-a lisa. Há poucos anos, um arqueólogo americano chamado Edward Robinson descobriu uma média de 40 a 50 colunas de mármore sob as águas próximo às praias da antiga cidade de Tiro. Voltando ao passado, sabe-se que após um cerco de sete meses, Alexandre invadiu a ilha e destruiu-a. Depois disso, as cercanias da área continental passaram a ser usadas pelos pescadores locais para espalharem e secarem suas redes.
  • Ezequiel afirmou também que a cidade nunca mais seria habitada (Ez 26.20,21). Tiro nunca foi reconstruída, apesar das famosas fontes de água fresca do Líbano, que produzem quase 40 mil litros de água diariamente.
  • Muitos dos navios de Tiro seriam destruídos por ferozes furacões (Ez 27.26,27).
  • Todo o mundo ocidental conhecido lamentaria e prantearia em razão da destruição da cidade (Ez 26.16-18; 27.28-36). Durante a tribulação, o mundo fará o mesmo diante da destruição da Babilônia (veja Ap 18).

4) A força por detrás de Tiro (Ez 28.11-19).

  • A identidade dessa força. Já notamos, em Ezequiel 28.1-10, que o profeta descreve o orgulho de Itobaal II, o regente de Tiro naquela época. Entretanto, Ezequiel agora se desloca para além da cena terrena e mostra-nos a criação e a queda de uma criatura angélica, inumana vil e depravada. Esse ser assustador é o próprio Satanás, a força verdadeira detrás da iniquidade de Tiro. Deus frequentemente fala com o diabo por meio de fontes indiretas. Exemplos: (a) Ele falou ao demônio ao falar com a serpente (Gn 3.14,15). (b) Ele falou ao demônio ao falar com Simão Pedro (Mt 16.23).
  • As características dessa força. 1. A perfeição da sabedoria e da beleza (Ez 28.12). O ser humano jamais foi descrito com esses termos, antes, pelo contrário (Veja Rm 3.23)! 2. Você estava no Éden, o jardim de Deus (Ez 28.13). Alguns acreditam que Ezequiel tinha Adão em mente ao descrever esse trecho, mas a narrativa de Gênesis não menciona em passagem alguma que as vestes do primeiro homem eram feitas com ouro e adornadas com toda pedra preciosa. 3. A obra dos teus tambores e dos teus pífaros (Ez 28.13). O Dr. J. Dwight Pentecost explica a que essa frase se refere: Instrumentos musicais originalmente eram feitos para louvar e adorar a Deus. Mas não era necessário que Lúcifer aprendesse a tocar um instrumento de música para louvar o Altíssimo, pois, para nossa surpresa, ele tinha um órgão integrado a si mesmo, ou seja, ele era um órgão. (Veja mais sobre QUERUBIM) É isso que o profeta quis dizer quando afirmou "a obra dos teus tambores...". Lúcifer, em razão dessa beleza, fez aquilo que um instrumento musical faria nas mãos de um músico habilidoso, ou seja, entoou uma melodia de louvor à glória de Deus. Ele não precisava procurar por alguém que cantasse uma doxologia - ele era uma doxologia. (Your adversary, the Devil.p.16) 4. O guardião querubim ungido (Ez 28.14). (a) Ele foi ungido - no Antigo Testamento, eram três os ofícios que requeriam unção: o profeta, o sacerdote e o rei. Sugere-se, nesse trecho, que Lúcifer tenha sido originalmente criado para trabalhar, sob Cristo, como profeta, sacerdote e rei, mas fracassou! Deve ter sido esse o motivo para que Deus separasse esses ofícios (veja 1Sm 13; 2Cr 26). (b) Ele foi um querubim guardião - o querubim era um tipo especial de ser angélico, cujo propósito era proteger a santidade de Deus (veja Gn 3; Êx 25; 1Rs 6; Ez 1; Ap 4). Evidências bíblicas e arqueológicas sugerem que tais seres tinham as aparências de um leão, de um bezerro, de uma águia e de um homem. Lúcifer aparentemente foi criado (entre outros propósitos) para demonstrar a obra terrena de Cristo, tal como apresentada pelos quatro evangelistas, (*confira abaixo:) 5. Você ficou orgulhoso por causa da sua beleza (Ez 28.17 NTLH). Eis o primeiro pecado e a autocriação do primeiro pecado em todo universo.

*OS QUATRO SERES VIVENTES DE EZEQUIEL E OS EVANGELHOS

A descrição de Ezequiel das criaturas, em 1.10, ecoa ao longo do Novo Testamento, dos Evangelhos ao Apocalipse.
  • Mateus (escrevendo aos judeus) descreve Cristo como um Leão, o Messias.
  • Marcos (escrevendo aos romanos) descreve Cristo como um Boi, o Servo.
  • Lucas (escrevendo aos gregos) descreve Cristo como o Homem perfeito.
  • João (escrevendo para o mundo inteiro) descreve Cristo como a Águia, o poderoso Deus.

Vamos analisar Apocalipse 4.6-8 - sobre a visão de João 

Ele vê e ouve o testemunho de quatro criaturas angelicais (Ap 4.6-8). Em grego, animal selvagem é therion. Porém aqui, a palavra usada é zoa (a raiz da palavra zoologia), que significa seres viventes.
a) Quem são esses quatro seres viventes?
J.vernon McGee acredita que eles sejam semelhantes às criaturas vistas por Ezequiel e Isaías:
Essas criaturas, da mais alta inteligência, estão na presença de Deus. Elas assemelham-se aos querubins de Ezequiel 1.5-10; 10.20 e aos serafins de Isaías 6.2,3. Ou seriam elas uma nova ordem de criaturas celestiais que ainda não havia sido revelada antes nas Escrituras? (Reveling through Revelation.p.43)
b) Qual é o seu propósito? Talvez,lembrar todas as criaturas ao longo de toda a eternidade do bendito ministério terreno e celestial de Cristo. Isso é sugerido pela sua aparência:
1. O primeiro era como um leão. Ele representa a posição de Cristo como Rei - conforme vemos no Evangelho de Mateus
2. O segundo era como um boi. Ele representa a posição de Cristo como servo - conforme vemos no Evangelho de Marcos.
3. O terceiro era como um homem. Ele representa a humanidade de Cristo - conforme vemos no Evangelho de Lucas.
4. O quarto era como uma águia. Ele representa a divindade de Cristo - conforme visto no Evangelho de João.

(*Este texto é parte de um artigo publicado no Israel Bible Center por Dr.Nicholas J. Schaser - Editado aqui por Costumes Bíblicos)

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

COMO UMA PESSOA TORNA-SE SANTA?

Santidade diz respeito ao caráter transcendente de Deus (Lv 10.3). Como podemos nós, criaturas finitas que caímos em pecado, sermos santos como Deus o é? Nunca seremos transcendentes como Deus, mas seremos sempre criaturas finitas. Nossa santidade não é absoluta como a do Senhor. Isso não se refere a nossa própria natureza e nosso próprio caráter, mas ao nosso relacionamento com Deus.
Quando Deus declara que um lugar é santo, é porque Ele se manifesta lá (Êx 3.5). Quando Ele se retira, o local volta a ser comum. Quando Deus declara que um objeto é santo, como um altar, por exemplo, é porque foi feito da maneira prescrita pelo Senhor e aceito por Ele para Sua obra (Êx 29.44-46). Seu relacionamento com Deus santifica-o como nada mais poderia.
O mesmo se dá com as pessoas. É-nos dito que devemos ser santos porque Deus é santo (Lv 19.2; 1Pe 1.16). Tal santidade só pode ser imputada a seres humanos. Sem um relacionamento com Deus, a verdadeira santidade não se dá, não importa o quão boa, piedosa ou disciplinada a vida de uma pessoa possa ser. Só Deus pode tonar as pessoas santas (Êx 31.13; Lv 20.8; 22.32). Deus promete estar com Seu povo e fazer sua santidade possível (Is 35.8-10; Os 11.9).
A Igreja, assim como a Israel do Antigo Testamento, tem um relacionamento com o Senhor. Nossa adoção como filhos de Deus permite que nos tornemos pessoas piedosas (1Jo 3.2). A morte expiatória de Cristo, o Santo, torna possível a perfeição da santidade a todos pela fé (Rm 5.12-21). Podemos ser santos diante de Deus, bem como em nossa conduta para com os outros.

SANTIFIQUEMO-NOS
  • Por meio da obediência da fé: At 26.18.
  • Por meio do corpo como oferta a Deus: Rm 12.1.
  • Por meio do sangue de Jesus: Hb 10.29.
POR QUÊ NECESSITAMOS SER SANTOS?
  • Para agradarmos a Deus: Lv 11.44; 1Ts 4.1.
  • Para crescermos em Deus: 1Pe 2.2,3.
  • Para vermos a Deus: Hb 12.14.
  • Santos no amor: Mt 5.38-48; 22.37-39.
  • Santos no falar: Sl 15.2,3; Ec 2.7; Ef 4.29; Tg 3.2.
SANTUÁRIO, uma figura da igreja
  • Casa de Cristo: Hb 3.6.
  • Casa de Deus: 1Tm 3.15; Hb 10.21.
  • Casa espiritual: 1Pe 2.5.
  • Edifício de Deus: 1Co 3.9.
  • Morada de Deus em Espírito : Ef 2.22.
  • Templo de Deus: 1Co 3.16,17.
  • Templo do Espírito Santo: 1Co 6.19.
SANTUÁRIOS DE DEUS DURANTE A HISTÓRIA
  • A Igreja: Ef 2.20-22.
  • O corpo individual do cristão: 1Co 6.19.
  • O corpo de Jesus: Jo 2.19-21; Cl 2.9.
  • O tabernáculo de Moisés: Êx 25.8,9.
  • O templo de Salomão: 1Rs 8.6,10,11.
  • O templo de Zorobabel: Ag 2.7-9.
  • O templo do milênio: Ez 40 a 44.
Até a próxima!
Fica na paz!

sábado, 26 de maio de 2018

Que tipo de corpo, Jesus Cristo obteve depois da Sua ressurreição?

QUE TIPO DE CORPO,JESUS CRISTO OBTEVE DEPOIS DA SUA RESSURREIÇÃO?
Isso é um assunto de extrema importância para o crente, já que um dia nós teremos um corpo semelhante (Fp 3.21; 1Jo 3.2).
Aqui estão alguns fatos bíblicos a respeito da natureza do corpo ressurreto do Senhor:
Ele foi reconhecido em Seu novo corpo. É claro que algumas pessoas, inicialmente, não reconheceram Jesus, mas isso só ocorreu porque elas acreditavam que Ele ficaria morto para sempre! Logo, contudo, Ele foi reconhecido.
  1. Por Maria Madalena (Jo 20.16).
  2. Pelos dois discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.31).
  3. Por Tomé (Jo 20.28).
  4. Pelos 11 apóstolos (Mt 28.17).
Seu corpo consistia de carne e ossos (Lc 24.39).
Ron Rhodes afirma este fato, corrigindo uma interpretação errônea de duas passagens:
Duas passagens principais no Novo Testamento, às vezes, são interpretadas erroneamente por líderes de seitas, para ensinar que Jesus ressuscitou dentre os mortos como uma criatura espiritual: 1Co 15.44-50 e 1Pe 3.18. Façamos uma breve análise dessas passagens.
1 Coríntios 15.44-50: é verdade que o corpo ressurreto é chamado de corpo espiritual em 1 Co 15.44. Entretanto, o principal significado de corpo espiritual aqui não é o de um corpo imaterial, mas sim de um corpo sobrenatural e dominado pelo espírito. "As palavras gregas soma pneumatikos (traduzidas nesse contexto como corpo espiritual) referem-se a um corpo dirigido pelo espírito, em contraste com um corpo que está sob o domínio da carne."
[...]Em seu excelente livro Soma in Biblical Theology, o estudioso de grego Robert Gundry afirma que: "Todas as vezes em que Paulo usava a palavra soma, ele referia-se, sem exceção, a um corpo físico". Assim, todas as referências ao corpo (soma) ressurreto do Senhor no Novo Testamento devem ser entendidas como um corpo físico ressurreto. Isso confirma a tese de que a frase corpo [soma] espiritual refere-se a um corpo físico sobrenatural e dominado pelo espírito.
O contexto em 1 Coríntios 15 indica  que, nos versículos 40-50, o significado que  Paulo tinha em  mente era sobrenatural. [...] Em contraste ao termo natural, a tradução sobrenatural encaixa-se muito melhor à linha de argumentação do apóstolo do que a palavra espiritual.
[1 Pedro 3.18] não se refere a uma ressurreição espiritual de Cristo; em vez disso, a passagem faz referência à ressurreição física de Cristo pelo Espírito Santo. Acredito que esse versículo esteja dizendo que Jesus ressuscitou dentre os mortos - ou foi vivificado - pelo Espírito Santo. A verdade é que Deus não ressuscitou Jesus como um espírito, mas O ressuscitou pelo Espírito Santo. (The Complete Book of Bible Answers. Harvest House.p.133,134)
Seu corpo trazia as marcas das chagas da crucificação (Zc 12.10; Jo 20.20,27; Ap 1.7; 5.6).
Seu corpo foi tocado e manuseado em diversas ocasiões.
  1. Por Maria Madalena (Jo 20.17).
  2. Por algumas mulheres (Mt 28.9).
  3. Pelos apóstolos (Lc 24.39).
Ele comeu e bebeu em pelo menos três ocasiões, conforme Pedro mais tarde testificaria (At 10.39-41).
Essas ocasiões ocorreram:
  1. Em Emaús (Lc 24.30).
  2. Em Jerusalém (Lc 24.41-43).
  3. Às margens do mar da Galileia (Jo 21.12-14).
Seu corpo não estava sujeito às leis do tempo e da gravidade, nem era limitado por elas. Isso foi demonstrado de maneira nítida em quatro ocasiões.
  1. Em Emaús (Lc 24.31).
  2. Em Jerusalém (em duas ocasiões). a) Primeira ocasião (Lc 24.36; Jo 20.19). b) Segunda ocasião (Jo 20.26).
  3. No monte das Oliveiras (Lc 24.51; At 1.9).
Corpo da ressurreição, como será?
  • Será incorruptível: 1Co 15.53
  • Será espiritual: 1Co 15.44.
  • Será eterno: 2Co 5.1.
Então.. que alegria! seremos iguais à Ele!!!!
Como será o nosso futuro corpo:
  • Corpo celestial: 2Co 5.4.
  • Corpo espiritual: 1Co 15.44.
  • Corpo eterno: 1Co 15.53
  • Corpo glorificado: 1Co 15.53
  • Corpo incorruptível: 1Pe 1.4; 1Co 15.42,53.
  • Corpo poderoso: 1Co 15.43.
  • Semelhante ao de Cristo: Fp 3.21.
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Até a próxima!
Fica na paz!

sábado, 5 de maio de 2018

O que realmente aconteceu na torre de Babel?

Gênesis 11.1-4 não ensina que a humanidade tentou construir, estupidamente, uma torre que pudesse atingir o espaço sideral! Em especial, observa-se as palavras toque nos céus, no versículo quatro. Essas palavras estão em itálico na KJV, para demonstrar que elas foram incluídas pelo tradutor e que não estão no original em hebraico. Na verdade, a expressão quer dizer "cujo cume é o céu".
A evidência arqueológica sugere que a torre de Babel, na realidade, era um prédio dedicado à astrologia ou à adoração pagã aos céus. Entre ruínas da antiga Babilônia, há uma construção de 46m, com uma base de 121m. Ela foi construída de tijolos secos em sete andares, para corresponder aos planetas aos quais foram dedicados. Os inferiores eram pretos, a cor de Saturno, o seguinte era laranja, para Júpiter, e o terceiro, vermelho, para Marte, e assim por diante. Esses andares estavam cobertos por uma torre elevada, em cujo cume os signos do zodíaco estavam. Dr.Donald Barnhouse afirma esta interpretação:
Foi uma notória e desafiadora volta para Satanás e o início da adoração demoníaca. É por isso que a Bíblia sempre pronuncia uma maldição sobre quem consulta o sol, alua e as estrelas do céu. (Genesis: A Devotional Exposition.p.71)
Anos antes da construção da torre de Babel, Caim, o primeiro assassino do mundo, ouviu Deus dizer: Fugitivo e errante serás na terra (Gn 4.12). No entanto, os filhos  espirituais de Caim estariam rebelando-se contra o mesmo Deus, mas eles ansiavam por estar juntos, para que não tivessem o mesmo destino que Caim (Gn 11.4).
O teólogo alemão Erich Sauer relaciona a multiplicidade de línguas a um espelho quebrado:
O idioma original a partir do qual Adão nomeou todos os animais no paraíso era como um grande espelho no qual toda a natureza estava precisamente refletida. Porém, Deus havia despedaçado esse espelho, e cada pessoa ficou com apenas um fragmento dele; uma ficou com um pedaço maior; a a outra, com um menor; e agora cada pessoa vê apenas uma parte de um todo, mas nunca o todo completamente. (Dawn of World Redemption.p.82)
Assim, os diversos fones de ouvidos e as cabines de tradução nas Nações Unidas, em Nova Iorque, dão, hoje em dia, um eloquente testemunho do trágico episódio de Babel. Por isso, se chamou o seu nome Babel (Gn 11.9). O próprio Ninrode pode ter dado esse nome. Babel significa, literalmente, "portão de Deus". Portanto, embora a humanidade houvesse rejeitado o verdadeiro Deus, ela tentou amenizar sua consciência pesada reconhecendo um "grande arquiteto do universo" vago e impessoal. Mas isso não deu certo! Deus mudou o sentido da palavra Babel para significar "confusão".

Quando, onde e como começaram as distintas características raciais da humanidade moderna?

O Dr.Henry Morris explica como pequenas populações geram diferentes características genéticas de forma relativamente rápida:
À medida que cada família e unidade tribal migravam de Babel, elas não apenas desenvolviam uma cultura distinta, mas também características físicas e biológicas diferentes. Uma vez que elas conseguiam comunicar-se somente com membros de sua unidade familiar, não era possível casar-se com pessoas de outra família. Portanto, foi necessário estabelecer novas famílias compostas por parentes  muitos próximos, por pelo menos muitas gerações. Está bem definido geneticamente que ocorrem variações muito rápidas em uma pequena população endogâmica. [...] Em uma pequena população, contudo, os [...] genes que podem estar presentes em seus membros [...] têm a oportunidade de tornarem-se visivelmente expressos e até dominante sob essas circunstâncias. Assim, em pouquíssimas gerações de endogamia, características distintivas como pele, altura, textura capilar, e características faciais, temperamento, adaptação ambiental, entre outras, poderão associar-se a tribos e nações específicas. (The Genesis Record.p.276)
Até a próxima!
Fica na paz!

sábado, 17 de março de 2018

O que o Escritor de Eclesiastes quer dizer quando chama a vida de vaidade?

Eclesiastes foi escrito como um sermão pós-moderno. Ele começa com uma declaração chocante: É tudo vaidade (Ec 1.2), ou "fútil". O autor estava frustado com a injustiça e a incapacidade humana de endireitar o que está torto (Ec 1.15). Ele também estava frustado com a natureza transitória da vida e com o fato de a sabedoria ser incapaz de oferecer qualquer senso de garantia do que o amanhã pode trazer.
Embora o sábio de Eclesiastes seja tradicionalmente identificado como o rei Salomão, não há referências explícitas ao seu nome no livro. Isso, entretanto, não exclui tal possibilidade. Alusões à sabedoria de Salomão e ao seu estilo são evidentes no capítulo 2, e o escritor apresenta-se como filho de Davi, rei em Jerusalém (Ec 1.1). Além disso, extensas referências à vida sob um governo monárquico implicam um público-alvo inserido no contexto do reino unificado (décimo século a.C.) na história de Israel.
Contudo, o autor identifica-se apenas como Qohelet, um termo hebraico que significa "aquele que reúne ou ajunta". A maioria das versões bíblicas traduz Qohelet como "professor" ou "pregador", com base no entendimento de que o sábio Qohelet dirige-se a um grupo de pessoas. O texto deixa bem claro que as observações e a sabedoria nele contidas devem ser atribuídas ao Qohelet.
A palavra-chave em Eclesiastes é a palavra hebraica traduzida como "vaidade" ("hevel" (vapor); Ec 1.2; 7.15). Essa palavra expressa o cerne do juízo do Pregador em relação à vida neste mundo.
Em sua raiz, a palavra hebraica "hevel" significa "fôlego" ou "vapor". Ela é usada 78 vezes no Antigo Testamento, mas apenas três vezes com o sentido claramente físico (veja Sl 63.9; Pv 21.6; Is 57.13). Nas outras 75 ocorrências, a palavra é usada metaforicamente, para descrever o que é incompreensível, fútil, vão, falso ou irrelevante. O termo é geralmente usado para descrever a insubstancialidade, a irrealidade e a inutilidade dos falsos deuses (Dt 32.21; 2Rs 17.15; Is 30.7). Nesse sentido, "hevel" é o oposto de "glória", a presença substancial, influente e duradoura de Deus (Êx 24.15-17). Às vezes, ela representa o estilo de vida passageiro e momentâneo, como um vapor (Jó 7.16; Sl 144.4). Em outros casos, refere-se à falta de sentido e à frustração da vida (Sl 78.33; 94.11; Is 49.4).
Há muito, crê-se que a palavra "hevel" de Eclesiastes tenha o sentido de "vaidade", não no sentido de "valorização exagerada dos próprios atributos", mas no sentido de viver de modo fútil e sem propósito ou sentido.
Portanto, é com o fardo do excesso que o ser humano não consegue lidar. Tudo o que a vida oferece perde qualquer significado e propósito se Deus não estivar presente. 
O Qohelet (pregador), meramente com a aplicação da sabedoria, não encontra solução para o dilema da condição humana. Por isso, Deus pôs no coração do homem o anseio pela eternidade (Ec 3.11 NVI); assim, nós nunca ficaremos satisfeitos com coisas menores do que aquelas que são eternas. Nesse sentido, a sabedoria em si foi insuficiente para resolver os problemas da maldição observados pelo Qohelet; somente a revelação de Deus em Cristo seria capaz de proporcionar a reconciliação da qual o mundo necessitava tão desesperadamente.
Apesar de a solução para o dilema do hevel ter de aguardar a revelação futura em Cristo, o livro de Eclesiastes serve como literatura sapiencial ao oferecer para o homem um paradigma de como aproveitar ao máximo a vida durante sua permanência na terra. Primeiro, sabendo-se que a vida é passageira, a morte é inevitável e as circunstâncias do futuro estão fora do controle do homem, o sábio deve desfrutar da vida como um dom de Deus. Segundo, à luz do fato de que os caminhos enigmáticos de Deus na terra, certamente, serão seguidos por um justo juízo futuro, o sábio deve temer o Senhor e guardar Seus Mandamentos (Ec 12.13).
Pergunta para meditação:
Há algum propósito real na vida sem Deus?

Estudando Eclesiastes 2.1-11

Salomão conduziu sua busca pelo sentido da vida como se faz em um experimento. Primeiro, ele tentou perseguir o prazer. Em seguida, assumiu grandes projetos, comprou escravos, gado e ovelhas, acumulou riquezas, adquiriu cantores, acrescentou concubinas ao seu harém e tornou-se a pessoas mais importante de Jerusalém. Mas nada disso deu-lhe satisfação. "E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol".
Alguns dos prazeres que Salomão buscou eram errados, e outros eram dignos. Mas mesmo as buscas dignas eram vazias quando ele perseguia-as como um fim em si mesmos.
Devemos olhar além de nossas atividades e compreender nossas verdadeiras motivações. Seu objetivo de vida é buscar um sentido ou buscar Deus, que confere o sentido?
Salomão resumiu suas muitas tentativas de encontrar o sentido da vida como "vaidade", como perseguir o vento. Sentimos o vento quando ele passa, mas não conseguimos segurá-lo. Em todas as nossas conquistas, até nas maiores, nossos sentimentos bons são passageiros. Segurança e autovalorização são encontradas no amor de Deus, e não nessas conquistas. Pense em onde você coloca seu tempo, energia e dinheiro. Um dia, você irá olhar para trás e perceber que também estava apenas [agindo por vaidade], "perseguindo o vento"?
Com base em Eclesiastes 5.10-20, nós queremos mais do que temos. Salomão descobriu que isso é vaidade. Ele observou que aqueles que passam a vida obsessivamente buscando dinheiro nunca encontrarão a felicidade que ele promete. A riqueza atrai aproveitadores e ladrões, causa falta de sono e medo e termina em perda, pois deve ser deixada para trás (Mc 10.23-25; Lc 12.16-21).
Não importa o quanto você ganha, se você tentar criar felicidade acumulando riquezas, nunca terá o suficiente. O dinheiro em si não é errado, mas o amor a ele leva a toda sorte de pecado (1Tm 6.10).
Deus quer que vejamos o que temos com a perspectiva certa - nossas posses são um dom de Deus. Elas não são nossa fonte de alegria, mas um motivo para adorar o Senhor. Todas as coisas boas vêm dele (Tg 1.17). Os dons de Deus devem atrair nossa atenção de volta para Ele.
Não importa qual é a sua situação financeira; não dependa do dinheiro para ser feliz. Ficar satisfeito com o que temos é possível quando percebemos que em Deus já temos tudo de que precisamos para começar. Amém!

Até a próxima!
Fica na paz!


sábado, 17 de fevereiro de 2018

Qual é o significado da palavra encarnação?

Qual o significado da palavra encarnação?
Aqui, podemos ser auxiliados pelas definições de diversos teólogos:
A palavra encarnação significa em carne e denota o ato pelo qual o eterno Filho de Deus tomou para si mesmo uma natureza adicional, a humanidade, por meio do nascimento virginal. (Leia sobre o nascimento virginal AQUI) O resultado disso é que Cristo será para sempre a divindade imaculada, tendo-o sido desde a eternidade passada; entretanto Ele [também] possui eternamente uma humanidade verdadeira e impecável em uma só Pessoa (Jo 1.14; Fp 2.7,8; 1Tm 3.16).
O nascimento virginal foi o meio pelo qual a encarnação aconteceu, garantindo assim a impecabilidade do Filho de Deus. (ENNS, Paul. Moody Handbook of Theology.p.222).
No contexto da teologia cristã, o ato pelo qual o eterno Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, sem jamais cessar de ser o que Ele é, o Deus Filho, tomou em união consigo mesmo o que antes deste ato Ele não possuía, [a saber] uma natureza humana, "e portanto [Ele] era e continua sendo Deus e homem em duas naturezas distintas, em uma só Pessoa, para sempre". (Westminster Shorter Catechism.Q.21). O respaldo bíblico para esta doutrina é amplo, por exemplo, Jo 1.14; Rm 1.3; 8.3; Gl 4.4; Fp 2.7,8; 1Tm 3.16; 1Jo 4.2; 2Jo 1.7 (Evangelical Dictionary of Theology. Grand Rapids. MI: Baker, 1984.p.555; também Ef 2.15; Cl 1.21,22; 1Pe 3.18; 4.1).
Isso refere-se ao eterno Filho de Deus sendo encarnado como Jesus de Nazaré. Refere-se ao momento em que, no instante mais sublime da história humana, Deus Filho tornou-se homem por intermédio da virgem Maria e viveu aproximadamente 33 anos na Palestina (Veja mais aqui: COMO ERA A PESSOA DE JESUS CRISTO). Foi então que Deus (mais precisamente, por meio do Filho) armou Sua tenda entre nós (Jo 1.14); quando Cristo não considerou a igualdade com Deus como algo a ser retido, mas humilhou-se a si mesmo, tomando a forma de um servo, e tornando-se obediente até a morte em uma infame  cruz romana (Fp 2.5-8).
Naquilo que C.H.Dodd chamou de tempos ainda por vir do Antigo Testamento, Deus falou-nos de diversas maneiras por meio de profetas, sacerdotes e reis; e, nestes últimos dias, na última era salvífica, Deus falou-nos por intermédio do Seu Filho unigênito e eternamente gerado (Jo 1.18; Hb 1.1).
A encarnação significa que Deus não estava satisfeito em simplesmente ter bons pensamentos sobre nós, ou em ajudar-nos enquanto se mantinha a uma distância segura de nós. Isso significa que Deus nos visitou para nossa salvação - Aleluia - "em nossa situação miserável", como expressou o antigo Atanásio. (Beacon Dictionary fo Theology. Kansas City: Beacon Hill, 1983.p.279).
A encarnação, portanto, envolve esse extraordinário ato divino pelo qual o Filho de Deus onipresente, onipotente e onisciente concordou em envolver de carne e osso Seu ser eterno e invisível e tomar sobre si mesmo uma natureza humana; tornando-se assim uma ponte de carne entre o Deus Soberano e o homem pecador. Em suma, a encarnação tornou-se a porta por meio da qual a divindade entraria na casa da humanidade!
Eugene Peterson habilmente traduz João 1.14 da seguinte forma: A Palavra tornou-se carne e sangue, e veio viver perto de nós (Bíblia A Mensagem).
Há mais de dois mil  em Belém, quando Deus se tornou homem, Sua nova natureza tornou-se permanente a partir daquele momento.Jesus jamais cessará de ser conhecido como o Deus-homem e será eternamente conhecido pelas cicatrizes que recebeu na cruz do Calvário! Isso se chama a perpetuidade da encarnação. Essa crença é corroborada por diversas passagens.
  1. Ele foi reconhecido por essas cicatrizes depois da Sua ressurreição (Jo 20.24-27).
  2. Ele é reconhecido por essas cicatrizes hoje no céu (Ap 5.6).
  3. E será reconhecido por essas cicatrizes na Sua segunda vinda (Zc 12.10; Ap 1.7).
Jesus Cristo tornou-se oficialmente o Filho de Deus na encarnação?
NÃO!
Os relacionamentos da Trindade sempre existiram, desde a eternidade passada.
Desde Gênesis 1, Deus é retratado como estando em um relacionamento. Encontramos uma indicação disso quando Deus diz façamos o homem à nossa imagem. Tratava-se do Deus Criador conversando com o Deus Filho com a intenção de criar Adão e Eva à imagem de Deus (plural). O que isso implica é que existe uma pluralidade na divindade a qual é refletida nas primeiras declarações das Escrituras inspiradas. Nós só pudemos compreender isso plenamente quando Jesus veio a terra e ensinou-nos a respeito do Seu Pai celestial que o havia enviado e, mais tarde, de outro Consolador a quem Ele havia de enviar, o Espírito Santo (Jo 14.16). Jamais houve um tempo em que o Pai existia sozinho sem o Filho ou o Espírito. O Filho é eternamente gerado, e o Espírito emana eternamente do Pai e do Filho. Em termos humanos, a [palavra] filiação denota duas ideias temporais: relacionamento e origem. Em relação à Trindade, [o conceito de] filiação implica um relacionamento eterno eternamente originado em Deus Pai.
Lewis Chafer concorda com essa análise:
É evidente que o relacionamento entre Pai e Filho expressa apenas as características de emanação e manifestação, sem incluir os conceitos habituais de derivação, inferioridade ou distinção no tocante ao princípio.
É provável que os termos Pai e Filho, tais como aplicados à primeira e à segunda Pessoa da divindade, tenham um caráter um tanto antropomórfico. O relacionamento sublime e eterno que sempre existiu entre essas duas Pessoas é melhor expressado ao entendimento humano em termos de Pai e Filho, mas sem qualquer implicação de que as duas Pessoas não sejam divinas em todas as particularidades do termo. (Systematic Theology. 1v.p.313-315).
Quando e onde o milagre da encarnação aconteceu?
A consideração positiva:
Ela ocorreu em Nazaré na ocasião do anúncio de Gabriel (Lc 1.35).
Em outras palavras, o milagre da encarnação foi a concepção sobrenatural do corpo de Jesus dentro do ventre de Maria sem o auxílio de um pai humano!
A consideração negativa:
Ela não ocorreu em Belém no momento do nascimento de Jesus. Pelo contrário, já que, se um médico estivesse presente durante o nascimento de Jesus (mas sem conhecer o histórico do evento), ele não teria encontrado nada incomum no parto em si.
O que significa o termo união hipostática?
A expressão união hipostática vem de um termo grego que significa "subsistência", referindo-se às naturezas divina e humana de Jesus. Basicamente, trata-se de uma verdade teológica que afirma que Jesus Cristo, desde a Sua encarnação, passou a ser, continua e para sempre será 100% Deus e 100% homem, 100% do tempo!

Amém!
Até a próxima
Fica na Paz!

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